escolhendo o risco

certa vez, eu, que estava sem namorado há um tempo, escutei de uma pessoa que uma outra pessoa - leia-se: ela mesma ou ela também - possuía uma opinião a respeito: "era por causa das minhas roupas, que eram muito esquisitas."

de início, senti um misto de raiva e indignação e respondi: "esquisitas para ela! não para o meu futuro namorado!" foi uma resposta carregada de afeto - atravessada pelas relações que eu tenho com essas pessoas - mas não sem sentido. afinal, eu estava construindo meu estilo, conhecendo e/ou reconhecendo minhas idéias, meus interesses e, portanto, separando-me das idéias e interesses dos outros. nessa direção, eu estava certa sobre minhas roupas e meu marido (na época, futuro namorado), embora eu sentisse um certo desconforto em não agradar a todos que me eram caros.

mas, é isso aí! assumir o que se pensa - e também refletir isso na vestimenta - comporta o risco de ser criticado pelos outros, que preferiam você como uma extensão deles próprios. cabe então, a cada um, avaliar quanto pesa para si, o "ser aceito" e o "ser fiel ao que se é". e, é bem provável que, em situações diferentes, os pesos sejam diferentes.

vocês se lembram da história do Patinho Feio?
nela, o dilema era
ser igual aos irmãos
ou assumir sua diferença


o que quero sublinhar é que a construção de um estilo é um processo de conhecimento sobre si mesmo e de reconhecimento de si em cada nova situação. em outras palavras, implica, além do risco de ser criticado, o risco de se confundir e errar. afinal, nem tudo é sempre tão claro em nossas vidas. quer um exemplo?

dias atrás fui num casamento noturno, fora de São Paulo. ao preparar as malas, separei um vestido que fiz recentemente e cujo comprimento vai até o joelho. foi quando meu marido perguntou-me: "você não vai de longo?" prontamente eu disse não - na verdade, tenho achado os vestidos longos sem graça. confesso, porém, que ao pensar na possível festa, nas pessoas que encontraria, hesitei quanto a adequação do vestido e acabei acrescentando um longo na mala. no dia, contudo, só me reconheci no vestido mais curto e - confiante! - investi no cabelo, maquiagem e acessórios.

vestidos curtos que vão a um casamento:
Isabela Capeto, Neon e André Lima

vestidos longos - esses com graça -
Acqua Studio
, André Lima e Samuel Cirnansck


em outras palavras, escolhi o risco de ser criticada por não estar de longo em detrimento do risco de não me sentir confortável de vestidão. e, pelo jeito, acertei! não me senti mal em ser uma das únicas de vestido curto, as críticas não aconteceram - pelo menos, que eu saiba - e até recebi alguns elogios.

de qualquer forma, eu arrisquei e poderia ter errado, como já errei muitas vezes. afinal, ao fazermos escolhas, escolhemos os riscos e nem sempre calculamos bem o que mais nos importa. a partir do momento, porém, que se torna mais claro, pra gente mesmo, qual a mensagem que queremos transmitir com a roupa que vestimos, erramos menos e nos preparamos melhor para as críticas que vierem.

a dúvida entre vestido curto ou vestido longo era, na verdade,
a dúvida entre usar o que queria e o que convinha.
nas fotos, ousadias - criticáveis? sustentáveis? - nos desfiles da
Cavalera, Alexandre Herchcovitch e Fause Hat
en

então você, que está em dúvidas quanto ao que vestir, pense e arrisque. e, se errar, errou! aliás, faz parte.

Comentários

  1. oi Raquel
    to tentando definir o meu estilo e adorei ler seu post, pq sempre q gosto d alguma coisa e qro experimentar... ñ posso estar perto do meu marido, pq ele critica e acabo desistindo... sei q estou errada em fazer isso, pois qdo escolhemos algo é pq gostamos no momento né
    bjjux :)

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  2. Oi Raquel,
    estou adorando os textos, as idéias e o estilo do blog.
    Beijos,
    Flávia

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  3. Oi Roberta! Eu te desejo boa sorte no caminho de construção do seu estilo. Isto é, que você tenha força para defender suas idéias, mas com clareza a respeito da importância delas nas suas relações pessoais.
    Beijos!

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  4. Oi Flávia! Obrigada pelo carinho! Também acho que o blog está encontrando seu estilo.
    Beijos!

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  5. tia, que alegria! gostei muito do post! já tinha tentado comentar aqui antes, sobre o texto dos ombros fortes e não consegui.
    esse post é bacana pq argumenta sobre a psicologia da roupa e ele me foi muito útil! rs... falando nisso preciso trocar umas idéias com você sobre psicologia (o curso, o mercado, o profissional...). Estou pensando em me embrenhar neste mundo...
    rsrs!!
    Beijos
    Juju!

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  6. Pois é Júlia! A roupa que vestimos é parte do nosso comportamento e, nesse sentido, tem mesmo a ver com psicologia.
    Beijos!

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  7. Oi Raq´s. Acho que vc está on line neste momento, pois acabei de entrar nos comments, e no momento no click, haviam 6 deles. Agora são 7: vc acabou de responder à Julia. Então, receba meu beijo pelo cabo. Seu post me fez lembrar da Lú, sua irmã, no Glamour Girl. Ela estava iluminada com um vestido curto, enquanto todas as outra candidatas vestiam longos. Me lembro perfeitamente de sua entrada triunfal na passarela, confiante que ela era ela mesma, aquela figura impar da sociedade Paraminense. Deixou claro com sua confiança e seu sorriso, que não era necessário enquadrar-se nas regras para estar glamourosa ou glamouroso. Basta conhecer-se, respeitar seu corpo e seu espirito. Usar aquilo que lhe cai bem, que lhe valoriza, mas que acima de tudo, seja sua cara, a extensão de sua personalidade. Lú foi uma vencedora nesse quisito. A escolhida - Ana Paula - foi tb outra que respeitou seu estilo e o valorizou, e tb merece meus elogios. Mas a cena da Lú, desfilando com as penas de fora, com seu vestido furtacor, foi a campeã de todas as edições daquela festa. Mémoria que eu guardarei para sempre. Beijos.

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  8. Bem lembrado Lico! Lú, mesmo não vencendo o concurso, foi uma vencedora, pois foi o que transmitiu com sua confiança.
    Beijos!

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  9. Acho que todo mundo já se sentiu um pouco patinho feio!

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  10. oi Raquel;
    Legal seu blog,tenho muito carinho pela confecção de roupas que acho são as vezes como: ¨segundas peles¨,aminha querida Avó era ¨modista de alta costura ¨lá em buenos Aires, minha terra querida. è uma arte , etêm que ser feita com amor e caprciho, e cada um procurando e achando o seu estilo.O tecido e aleável, é forte , é cálido.lhe deixo por aqui um abraço, e peço desculpas se não lhe respondi antes, estou muito corida e ficammuitos mails pendentes. quando quiser pode vir no meu atelier.até mais, e obrigada!

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  11. Nossa meu querido, me deu até saudades daquele dia! Foi mesmo um assombro para todas as conditadas no camarim que exclamavam: Mas vc vai entrar assim mesmo, sem longo!
    E foi isso mesmo que vc resumiu, eu me sentia realmente maravilhosa com meu mini vistido, aquilo tudo me pertencia!
    Saudades de vc... grande beijo, Lu.

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