ser fashion? pode!

em junho do ano passado, Glória Kalil foi entrevistada no programa Roda Viva por, entre outros, o escritor Paulo Lins, autor do romance Cidade de Deus. ele lhe disse que percebia "pessoas muito ligadas em moda... como uma coisa fútil". sua fala, de imediato, remeteu-me a uma matéria escrita, há alguns anos, numa das mais importantes revistas de moda do Brasil. ela convidava "sua leitora" a ignorar a sujeira do Rio Pinheiros, depois de um dia de compras caras. eu confesso que fiquei ofendida. ofendida por assinar uma revista com a qual eu me identificava - ao menos, de maneira estética - e que me propunha fechar os olhos quando a sujeira aparecesse, ou seja, fechar-me em um mundo de ilusão, desconsiderando a realidade ao redor. respondi à revista e, claro ou infelizmente, não obtive qualquer retorno. é nesse ponto, contudo, que entendo a fala de Paulo Lins. pareceu que era preciso ser burra para gostar de moda, não saber das questões sociais e políticas que envolvem as existências de um mercado de luxo e de uma sujeira - e miséria - que o envolve.

Paulo Lins questionou Glória Kalil sobre
moda e futilidade
(programa Roda Viva)

ainda bem que a moda hoje está muito mais diversificada e não se reduz a grupos de consumistas acríticos. aliás, a revista pareceu-me - afora sua estética, que ainda me agrada - ultrapassada, pois, como prosseguiu a conversa com Glória, valores de sustentabilidade, civilidade e democratização estão cada vez mais presentes e visados no mundo fashion, esse que, nos últimos anos voltou seu olhar para a vida real, para as ruas, interessando-se pela inventividade, no cotidiano, das formas de se vestir de quem trabalha e circula, de forma cidadã, por aí.

então, gente, é um alívio poder curtir moda sem ter que ser fútil. apreciar o design, o caimento, a qualidade, sem concordar em pagar um absurdo por eles. explorar diferentes possibilidades, nas lojas de departamento e brechós, na reutilização e reaproveitamento das peças, ou seja, agregando e apresentando, também no vestir, os valores que se tem, que compõem quem se é, o que se quer comunicar no mundo e na sociedade em que vivemos.


o uso da bicicleta em detrimento do carro
faz parte de um estilo fashion cidadão
(imagem do site: http://www.copenhagencyclechic.com)

por fim, pode-se sim, ser fashion e cidadã, saber da necessidade de estar atenta às responsabilidades com o coletivo, com o que envolve a vida e a realidade do país e do mundo e, além disso, curtir roupa, moda e estilo. fashion com estilo cidadão! que tal?

Comentários

  1. Oii
    Adorei conhecer o blog. E eu pratico moda de maneira sustentável: compro coisinhas em brechó, custonomizo peças antigas, faço bazar com as amigas e tenho uma eco-bag.
    Dá uma olhadinha no meu blog e vê oque vc acha. Lá falo um pouco sobre moda, dicas, têndencias, arte...
    www.luanacrescente.blogspot.com
    bjim

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  2. adorei a materia e todo blog,estou te seguinndo
    beijoooos
    http://fashionistasspace.blogspot.com/
    começei meu blog agora epspero que possa me seguir tbmmm

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  3. oi, matéria muito legal!
    Não faço não por encomenda... vc sabe tricotar?

    bjihos

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